O esgotamento emocional no trabalho, também conhecido como síndrome de burnout, refere-se a um estado de exaustão física, emocional e mental resultante do estresse crônico no ambiente de trabalho.
Essa condição é mais comum em profissões que envolvem um alto nível de envolvimento emocional, responsabilidade e pressão.
Os principais sintomas do esgotamento emocional incluem:
- Exaustão física e emocional: Sentir-se constantemente cansado e sem energia, tanto física quanto emocionalmente.
- Despersonalização: Desenvolver atitudes cínicas e negativas em relação ao trabalho, clientes ou colegas. Pode envolver a perda de empatia e tornar-se mais distante emocionalmente.
- Diminuição do senso de realização profissional: Sentir-se ineficaz, incapaz de realizar tarefas e experimentar uma redução na satisfação com as conquistas profissionais.
Os fatores que contribuem para o esgotamento emocional no trabalho podem incluir carga excessiva de trabalho, pressão constante, falta de controle sobre as tarefas, conflitos interpessoais, falta de reconhecimento e recompensas, entre outros
Neste artigo, exploraremos as causas, sintomas, impactos e estratégias para lidar com o esgotamento emocional no trabalho.
Causas do Esgotamento Emocional no Trabalho
1. Carga de Trabalho Excessiva
A sobrecarga de tarefas e a pressão constante para cumprir prazos apertados podem levar à exaustão física e mental.
2. Ambiente de Trabalho Tóxico
Relações interpessoais negativas, bullying, assédio moral e falta de apoio social no ambiente de trabalho contribuem para o esgotamento emocional.
3. Falta de Controle e Autonomia
A ausência de autonomia na tomada de decisões e a sensação de falta de controle sobre o próprio trabalho podem aumentar o estresse e levar ao esgotamento.
4. Desconexão entre Valores Pessoais e Organizacionais:
Quando os valores do indivíduo não estão alinhados com os valores da organização, surge um conflito que pode resultar em esgotamento emocional.
Sintomas do Esgotamento Emocional no Trabalho
1. Fadiga Persistente
Sentir-se constantemente cansado, mesmo após períodos de descanso.
2. Ceticismo e Distanciamento
Desenvolver uma atitude cética em relação ao trabalho, colegas e à própria capacidade de fazer a diferença.
3. Diminuição do Desempenho Profissional
A queda no desempenho, erros frequentes e dificuldade em cumprir responsabilidades profissionais são sinais claros de esgotamento.
4. Problemas de Saúde Física e Mental
O esgotamento pode manifestar-se em sintomas físicos, como dores de cabeça, problemas gastrointestinais, bem como em problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão.
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Impactos do Esgotamento no Indivíduo e na Organização
1. Impactos Individuais
- Problemas de Saúde: Esgotamento emocional está associado a uma variedade de problemas de saúde física e mental.
- Relações Interpessoais Afetadas: O distanciamento emocional pode prejudicar relacionamentos pessoais e profissionais.
- Perda de Engajamento: A motivação e o entusiasmo pelo trabalho diminuem, resultando em uma menor produtividade.
2. Impactos Organizacionais
- Turnover Elevado: O esgotamento muitas vezes leva os funcionários a buscar oportunidades em outros lugares, aumentando a rotatividade de pessoal.
- Baixa Produtividade: Trabalhadores esgotados têm menor desempenho e contribuem menos para os objetivos organizacionais.
- Clima Organizacional Negativo: A presença de esgotamento pode criar um ambiente de trabalho tóxico, afetando o moral de toda a equipe.
Estratégias para Prevenir e Superar o Esgotamento
Promover uma Cultura de Apoio
Organizações devem cultivar ambientes que incentivem o apoio entre colegas e gestores, criando redes de suporte emocional.
Estabelecer Limites Claros
Definir limites de carga de trabalho razoáveis, incentivando a gestão do tempo e a priorização de tarefas.
Incentivar a Autonomia
Proporcionar aos funcionários um senso de controle sobre seu trabalho e decisões pode reduzir os níveis de estresse.
Programas de Bem-Estar
Oferecer programas que promovam o bem-estar físico e mental, como atividades físicas, sessões de relaxamento e suporte psicológico.
Promover a Comunicação Aberta
Estabelecer canais de comunicação eficazes para que os funcionários possam expressar suas preocupações e receber feedback construtivo.
Esgotamento Emocional no Trabalho: uma pandemia invisível
Desde janeiro de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a reconhecer os efeitos do estresse crônico proveniente do ritmo de trabalho como parte de uma doença ocupacional, manifestando-se através de sintomas físicos e emocionais.
Essa condição, recentemente reclassificada pela OMS, está diretamente associada ao esgotamento profissional.
De acordo com a International Stress Management Association (ISMA-BR), uma associação sem fins lucrativos dedicada à pesquisa e ao desenvolvimento da prevenção e tratamento do estresse global, o Brasil ocupou a preocupante segunda posição no ranking mundial de casos de Burnout em 2021, ficando atrás apenas do Japão.
A entidade alerta que 30% dos trabalhadores brasileiros enfrentam essa condição, que se caracteriza pela exaustão física e mental.
Os Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho (TMRTs), incluindo o Burnout, tornaram-se uma epidemia, sendo a segunda maior causa de afastamentos do trabalho no Brasil e no mundo, agravada pela precarização e intensificação do ambiente de trabalho, especialmente durante a pandemia.
Embora a OMS tenha reclassificado a Síndrome de Burnout em 2019, apenas em janeiro de 2022 essa nova classificação passou a ser utilizada.
Agora, a doença está presente na Classificação Internacional de Doenças (CID-11), destacando o estresse crônico de trabalho que não foi adequadamente administrado, enfatizando a responsabilidade das empresas na saúde dos colaboradores.
Promoção de Saúde nos Ambientes de Trabalho
O esgotamento emocional no trabalho é uma questão complexa que exige atenção e ação tanto dos indivíduos quanto das organizações.
A prevenção é crucial, mas também é fundamental desenvolver estratégias para lidar com o esgotamento quando ele ocorre.
Ao reconhecer os sinais precoces, promover ambientes de trabalho saudáveis e oferecer apoio, podemos trabalhar em direção a uma cultura profissional mais sustentável e equilibrada, beneficiando tanto os trabalhadores quanto as organizações.
Referências
Lautert, L. (2010). Burnout em profissionais de saúde: um estudo de revisão. Revista de Enfermagem UFSM, 1(1), 149-158.
Gil-Monte, P. R. (2011). El síndrome de quemarse por el trabajo (burnout): una enfermedad laboral en la sociedad industrial. Madri: Pirâmide.
Santos, V., & Paula, M. A. (2014). Burnout em professores: Um estudo comparativo entre escolas públicas e privadas. Psicologia: Ciência e Profissão, 34(1), 88-103. doi: 10.1590/1982-3703002013-059